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sábado, 18 de dezembro de 2010

A Verdade é Externa – D. M. Lloyd-Jones



Não pode haver dúvida de que todos os problemas da Igreja hoje, e a maioria dos problemas do mundo, devem-se ao abandono da autoridade da Bíblia. E, que pena! Foi a própria Igreja que introduziu a chamada Alta Crítica que veio da Alemanha há mais de cem anos. A filosofia humana tomou o lugar da revelação, as opiniões do homem foram exaltadas e os líderes da Igreja falavam do "progresso do conhecimento e da ciência", e dos "seguros resultados" desse conhecimento. A Bíblia passou a ser então simplesmente como qualquer outro livro, obsoleto em certos aspectos, errado noutros, e assim por diante. Deixou de ser um livro em que se podia confiar implicitamente. Não se pode contestar que a queda na freqüência à igreja neste país é conseqüência direta da Alta Crítica. O homem da rua diz: "Que é que estes cristãos sabem? É só opinião deles; eles estão perpetrando algo que os verdadeiros pensadores e cientistas de há muito verificaram e pararam de considerar". Essa é a atitude do homem da rua! Ele não ouve mais, perdeu todo o interesse. A situação em geral é de deriva; e, em grande parte, repito, é resultado direto e imediato da dúvida que a própria Igreja lançou sobre a única autoridade verdadeira. As opiniões dos homens tomaram o lugar da verdade de Deus, e as pessoas, em sua necessidade, estão procurando as seitas e estão dando ouvidos a qualquer falsa autoridade que se lhes ofereça.

Portanto, todos nós temos que enfrentar esta questão crucial e fundamental; aceitamos a Bíblia como a Palavra de Deus, como a única autoridade em todas as questões de fé e prática, ou não? Seria todo o meu pensamento governado pelas Escrituras, ou eu venho com a minha razão a fim de selecionar e destacar partes das Escrituras, para fazer-me seu juiz, pondo-me e pondo o conhecimento moderno como o padrão supremo e a autoridade final? A questão é clara como cristal. Porventura aceito as Escrituras como revelação de Deus, ou confio na especulação, no conhecimento humano, no saber humano, no entendimento humano e na razão humana? Ou, fazendo uma colocação ainda mais simples: eu ligo a minha fé e submeto todo o meu pensamento ao que leio na Bíblia? Ou será que cedo-me ao conhecimento moderno, ao saber moderno, ao que as pessoas pensam hoje, ao que sabemos nestes tempos presentes e que não se sabia no passado? É inevitável que ocupemos uma destas duas posições.

A posição protestante, como aconteceu com a Igreja Primitiva nos primeiros séculos, é que a Bíblia é a Palavra de Deus. Não que a "contém", mas que ela é a Palavra de Deus, inspirada e inerrante em sentido único. Os reformadores protestantes criam, não somente que a Bíblia contém a revelação da verdade de Deus aos homens, porém também que Deus salvaguardava a verdade exercendo controle sobre os homens que a escreveram, mediante o Espírito Santo, e que Ele os mantinha livres de erro, de mácula e de toda forma de engano. Essa é a posição protestante tradicional, e no momento em que a abandonarmos, já começamos a andar pela estrada que leva de volta a uma das falsas autoridades e, como é provável, finalmente a Roma. Em última análise, esta é a única alternativa.

As pessoas querem ter uma autoridade em que se firmar; e estão certas em pensar assim. Precisam de autoridade porque estão desnorteadas; e se não a acharem seguindo o caminho certo, vão buscá-la no caminho errado. Poderão ser persuadidas mesmo que não saibam a origem da autoridade; em sua total desorientação, estão prontas a deixar--se persuadir por qualquer afirmação autoritária. Dessa maneira, chega-se ao seguinte: voltamos exatamente ao ponto em que estavam os cristãos há 400 anos. O mundo fala do seu progresso no conhecimento, da sua ciência etc, mas o fato é que estamos girando em ciclos, e estamos de volta exatamente onde os cristãos estavam há 400 anos. Temos que travar mais uma vez todo o combate da Reforma Protestante. Ou é este Livro, ou, em última instância, é a autoridade da igreja de Roma e a sua "tradição"! Esse foi o grande impasse na Reforma Protestante. Foi por causa do que eles encontraram na Bíblia que aqueles homens se levantaram contra a igreja de Roma, questionaram-na e a contestaram, e finalmente a condenaram. Foi somente isso que capacitou Lutero a permanecer firme, um único homem, desafiando todos aqueles doze séculos de tradição. "Não posso fazer outra coisa", disse ele, por causa daquilo que ele tinha encontrado na Bíblia. Ele pôde ver que Roma estava errada. Não importava que ele estivesse só, e que todos os grandes batalhões estivessem contra ele. Ele tinha a autoridade da Palavra de Deus, e ele julgava a igreja católica romana, sua tradição e tudo o mais por meio dessa autoridade externa.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sua exigência é total. – M. Lloyd-Jones



Ambos (Deus e as riquezas) fazem-nos uma exigência totalitária. Como já vimos, é fato que as coisas do mundo fazem uma exigência totalitária. Como elas tendem a agarrar a personalidade inteira e como nos afetam em todos os aspectos da vida! Exigem nossa total devoção, querem que vivamos absolutamente para elas. Sim, mas Deus também exige. . . Não necessariamente num sentido material, mas em algum outro sentido Ele diz-nos a todos: «Vai, vende o que tens. . . então vem, e segue-me». «Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim». É exigência exclusivista. . . É uma alternativa exclusivista: «ou. . .ou»; neste ponto é impossível qualquer meio termo. «Não podeis servir a Deus e às riquezas».

Isto é algo tão sutil que muitos de nós somos completa-mente incapazes de percebê-lo. . . Alguns entre nós se opõem violentamente àquilo que chamamos de «materialismo ateu». Mas. . . entendamos que a Bíblia nos fala que todo materialismo é ateu. . . Assim, se um ponto-de-vista materialista nos está controlando, somos ímpios, não importando o que digamos. Há muitos ateus que falam com linguagem religiosa. . . O homem que se julga religioso porque fala acerca de Deus, diz crer em Deus e ocasionalmente vai a um lugar de culto, mas na verdade vive em prol de certas coisas terrenas — quão grandes são as trevas desse homem!. . . Estude cuidadosamente 2 Reis 17.24-41, . . Os assírios conquistaram certa área. Depois tomaram gente do seu próprio povo e a colocaram naquela área. Esses assírios, naturalmente, não cultuavam ao Senhor. Então apareceram alguns leões e destruíram as propriedades deles. «Isso nos aconteceu», disseram eles, «porque não servimos ao Deus deste território». Portanto, buscaram um sacerdote que lhes deu instruções gerais sobre a religião de Israel. . . Mas, eis o que diz a Escritura sobre eles: «temiam o Senhor e ao mesmo tempo serviam aos seus próprios deuses». . . A quem você está servindo? Essa é a questão; e há de ser ou a Deus ou às riquezas.

Studies in toe Sermon on the Mount, ii. p. 94,5.



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O escândalo da Cruz – Martyn Lloyd-Jones


Houve tempo em que era verdade dizer que as multidões. . . reconheciam a veracidade do Evangelho. . . mas deixavam de pô-lo em prática. Pode ser que foram além e se opuseram às suas exigências morais e éticas mais estritas. Mas assim mesmo lhe estavam pagando tributo e erguendo barricadas de defesa para o pecado e a fraqueza delas mesmas. Naqueles dias o Evangelho era reconhecido como algo que apresenta o melhor modo de vida. . .

Essa foi a situação outrora. Já não é assim, porém. . . a atitude geral para com o Evangelho mudou completamente. . . hoje ele está sofrendo ativos ataques e oposição. Na verdade, chegamos a um estágio ulterior àquele; ele está sendo ridicularizado e menosprezado. A pretensão, hoje em dia, é que o Evangelho é uma coisa que nenhuma pessoa instruída e razoável pode aceitar ou crer. É posto na categoria de folclore e superstição. . . Tudo isso pode ser provado, contesta-se, pelo avanço do saber, pelo resultado dos descobrimentos científicos, e pela luz que a psicologia lançou sobre a natureza humana e seu estranho comportamento. Certos aspectos do ensino moral do Evangelho são aceitos e elogiados, havendo, contudo, quem rejeite até isso, mas, quanto às reivindicações centrais do Evangelho . . .todas estas coisas são rejeitadas com desdém e sarcasmo.

Segundo o homem moderno, a salvação deve ser buscada no pleno uso das capacidades e poderes humanos que podem ser exercitados pelo saber e pela educação. O homem deve salvar-se a si próprio; o homem pode salvar-se a si próprio. . . E se alguém se aventura. . . a dizer que o Evangelho é a única esperança da humanidade. . . aos berros lhe dirão que ele é lunático ou doido.

Todavia, é precisa e exatamente isso que afirmamos hoje, como Paulo o fez há tanto tempo. . . Não hesitamos em proclamar que a única esperança dos homens está em crer no Evangelho de Cristo.

The Plight of Man and the Power of God, p. 76-9-

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Conhece-te a ti mesmo



Por: Martyn Lloyd Jones
Todos concordamos em que devemos examinar-nos a nós mesmos, mas também concordamos em que a introspecçâo e a morbidez são ruins. Mas, qual a diferença entre examinar-nos a nós mesmos e nos tornarmos introspectivos? Entendo que cruzamos a fronteira entre o auto-exame e a introspecção quando, em certo sentido, nada mais fazemos senão examinar-nos, e quando esse auto-exame se torna o fim -dominante e principal da nossa vida. É de esperar que periodicamente procedamos a um exame de nós mesmos; mas se o fazemos sempre, sempre pondo, por assim dizer, nossa alma em um recipiente para dissecá-la, isto é introspecção. E se passamos o tempo todo falando aos outros de nós e de nossos problemas e inquietações, e se vamos toda a vida a eles com uma carranca, dizendo: «Estou com um grande problema», isso bem pode significar que ficamos o tempo todo centralizados em nós mesmos. Isso é introspecção e, por sua vez, leva-nos à condição conhecida como morbidez

Eis aqui, pois, o ponto de que devemos partir. Conhecemo-nos a nós mesmos? Conhecemos o perigo específico de cada um de nós? Sabemos bem a que estamos especialmente sujeitos? A Bíblia está repleta de ensinamentos sobre isso. A Bíblia nos exorta a que sejamos cuidadosos quanto à nossa força e à nossa fraqueza. Pensemos, por exemplo, em Moisés. É-nos dito que ele era o homem mais manso que o mundo já conhecera; e contudo. . . seu grande fracasso teve ligação precisamente com esse tema. Afirmou sua própria vontade e se zangou. Temos que vigiar nosso ponto forte, e temos que vigiar nosso ponto fraco. . . Se sou naturalmente introvertido, tenho que tomar cuidado com isso, e devo alertar-me a mim mesmo, não seja o caso de que inconscientemente venha a deslizar para a condição de morbidez.

O extrovertido deve, do mesmo modo, conhecer-se e estar vigilante contra a tentação peculiar à sua natureza. Alguns, por sua natureza e tipo de personalidade que os caracterizam, são mais dados a esta . . .depressão espiritual do que outros. Pertencemos ao mesmo grupo de Jeremias, João Batista, Paulo, Lutero e muitos outros. Grandiosa companhia! Sim. . . mas você não pode fazer parte dela sem estar sujeito a essa exata provação.


Fonte: Spiritual Depression, p. 17,18.
Extraído de: [ Blog Martyn Lloyd Jones ]
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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Nada do eu, e tudo de Ti – M. Lloyd-Jones


Tenho por vezes notado a tendência de nem sequer dar valor ao que a Bíblia considera como a maior virtude de todas, a saber, a humildade. Numa comissão ouvi pessoas discutindo sobre certo candidato e dizendo: «Sim, muito bom; mas lhe falta personalidade», quando a minha opinião sobre aquele candidato específico era que ele era humilde. Existe a tendência. . . de justificar a atitude de uma pessoa em fazer uso de si próprio e da sua personalidade e de tentar projetá-la, impondo aos outros a sua aceitação. Os anúncios publicitários que estão sendo crescentemente empregados em conexão com a obra cristã proclamam em alto e bom som essa tendência.

Leia os antigos relatos das atividades dos maiores obreiros de Deus, dos grandes evangelistas e outros, e verá como procu-ravam apagar-se a si próprios. Hoje, porém, estamos experi-mentando algoque é quase o completo reverso disso. . .

Que significa isso? «Não nos pregamos a nós mesmos», diz Paulo, «mas a Cristo Jesus como Senhof». Quando visitou Corinto, conta-nos ele, foi para ali «em fraqueza, temor e grande tremor». Não subia à plataforma com confiança, segurança e desenvoltura, dando a impressão de uma grande personalidade. Antes, o povo dizia dele: «a presença pessoal dele é fraca, e à palavra desprezível». Quão grande é a nossa tendência de desviar-nos da verdade e do padrão das Escrituras.

Como a Igreja está permitindo que o mundo e os seus métodos influenciem e dirijam a sua perspectiva e a sua vida! Que pena! Ser «pobre de espírito» não é tão popular, mesmo na Igreja, como o foi outrora e sempre deveria ser. Os crentes devem reconsiderar essas questões. Não julguemos as coisas segundo a aparência do seu valor; acima de tudo, cuidemos para não sermos cativados por essa psicologia mundana; e tratemos de entender, desde o princípio, que estamos no domínio de um reino diferente de tudo quanto pertence a este «presente mundo mau».

Studies in the Sermon on the Mount, i, p. 46,7

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sola Scriptura – Martyn Lloyd-Jones .


Vivendo com base na pura e simples Palavra de Deus

Fé significa tomar a Palavra de Deus por si só e agir com base nela por ser a Palavra de Deus. E crer no que Deus diz, simples e unicamente porque Ele o diz. Os heróis da fé, aludidos em Hebreus 11, criam na Palavra de Deus só porque Deus falara. Não tinham outras razões para crer nela. Por que, por exemplo, Abraão tomou a Isaque e subiu com ele àquele monte? Por que foi ao ponto de sacrificar seu filho? Simplesmente porque Deus lhe dissera que o fizesse.

Viver pela fé, porém, ainda é mais que isso. É basear a vida toda sobre a fé em Deus. O segredo de todas aquelas personagens do Velho Testamento está em que viviam «como se vissem aquele que é invisível» . . . Arriscavam tudo para ser fiéis à Palavra de Deus. Dispunham-se a sofrer por ela e, se necessário, a suportar a perda de tudo. Igual prospectiva se antepôs a muitos cristãos primitivos. . . «Se você não disser César é Senhor», diziam as autoridades, «será atirado aos leões na arena!» Contudo, negaram-se a dizê-lo. Com que base? Com base na pura e simples Palavra de Deus! .'. . Arriscaram tudo. Morreram pela fé e na fé.

Esta é hoje a nossa posição como cristãos. A escolha vai-nos sendo imposta mais e mais. Há ainda alguém bastante estulto para confiar neste mundo e no que ele tem para oferecer? Qual é o princípio dominante em nossas vidas? O cálculo? A sabedoria do mundo. . . ? Ou é a Palavra de Deus, exortando-nos sobre o fato de que esta vida e este mundo são transitórios e que ambos constituem mera preparação para o mundo vindouro? Ela não nos manda voltarmos as costas inteiramente para o mundo, mas insiste em que tenhamos a idéia certa sobre o mundo. . . Temos de fazer-nos, como na presença de Deus, estas perguntas singelas: Minha vida está baseada no princípio da fé? Estou-me rendendo ao fato de que o que leio na Bíblia é a Palavra de Deus e é verdade? Quero mesmo arriscar tudo, minha vida inclusive, baseado neste fato?
Fonte: Fear to Faith, p. 52,3.Via: [ Martyn L. jones ]
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