sábado, 31 de julho de 2010

A PREGAÇÃO BÍBLICA . H.W. Robinson


NTRODUÇÃO


“Esta é era de sermõezinhos: e sermõezinhos fazem cristãozinhos”. Essa frase dita por Michael é o diagnóstico da realidade vivida na Igreja contemporânea. Vivemos na época do vazio. A falta de conteúdo nos púlpitos nunca se fez tão visível como nos dias de hoje. Não são poucos os que dizem que estão “ungidos” por Deus, e, com a desculpa de que é o Espírito Santo quem fala, desprezam totalmente o estudo, bem como o preparo do sermão.

Talvez essa seja a razão pela quais as pessoas não vão mais a Igreja. Pregadores vazios no púlpito geram bancos vazios na Igreja. Charles Haddon Spurgeon diz que “no momento em que a igreja de Deus menospreza o púlpito, Deus a desprezará”. E sem a presença de Deus as palavras de qualquer predica, são palavras ao vento.

Pregar um sermão não é sinônimo de dizer algo, sobre algo, como Bryan Chapell corretamente lembra: “Quando encaramos pessoas reais dotadas de uma alma eterna, equilibrando-se entre o céu o inferno, a nobreza da pregação nos amedronta”. Estamos falando de Deus e sobre o destino de seu povo e como diz Paulo pesar sobre nós esta responsabilidade.

Por essa razão é necessário que todo pregador se prepare com diligência para transmitir a verdade de Deus, não só espiritualmente mais intelectualmente. Lloyd-Jones afirmava: “Posto que pregar significa comunicar a mensagem de Deus, é óbvio que isso requer certo grau de intelectualidade e habilidade”. E que “o pregador deveria ser acurado, jamais devendo afirmar alguma coisa que qualquer erudito membro da congregação possa mostrar estar errado ou baseado em informação equivocada”.

O desejo de H.W. Robinson, em a pregação Bíblica é exatamente de nos alertar da importância do preparo do pregador antes de subir ao púlpito e quais são os principais métodos que ele pode usar durante este preparo.

O texto aborda todas as partes que compõe um sermão e as principais ferramentas que o auxiliara durante o período de preparo. Uma espécie de esboço da homilética. Se você já é um pregador este resumo com as principais idéias do autor lhe fará relembrar os conceitos já esquecidos, se você não é ainda um pregador, este resumo será um manual simples, mas extremamente útil a você, no seu preparo como pregador.


A PREGAÇÃO BIBLICA


Ferramentas do Oficio


Segundo o autor a tarefa básica da homilética é levar a pensar acerca do pensar. Um homilético procura descobrir o estava na mente do autor do texto e depois, deve explicar o texto com suficiente clareza para fazer sentido para o ouvinte.

Por isso, a pregação bíblica eficaz requer compreensão, imaginação, e sensibilidade espiritual, e nenhuma destas coisas advém de meramente seguir direções. Quando uma discussão sobre o preparo de um sermão expositivo se assemelha às instruções para construir um canil, alguma coisa desandou. Edificar o sermão expositivo aproxima-se mais da edificação de catedrais do que martelar até produzir um abrigo para animais.

Para o autor, todas as coisas precisam de métodos. Embora seja necessária uma vida inteira com as Escrituras e com as pessoas para fazer exposição madura, o aprendiz precisa de ajuda específica para saber como começar. Saber como outros trabalham com a Bíblia pode ser uma ajuda bem vinda. A este conselho, cada indivíduo deve contribuir com sua própria mente, espírito e experiência, e, a partir da prática repetida no trabalho extenuante de pensar, deve desenvolver seu próprio modo de operar.

No decurso da discussão de como desenvolver um sermão expositivo, portanto, deve¬mos conservar em mente que, embora as etapas para o preparo sejam tratadas em seqüência, às vezes se misturam.


Quais são, pois, as etapas no preparo do sermão expositivo?


Escolher a passagem a ser pregada.

Antes de tudo o pregador deve-se perguntar: Acerca de que falarei? De qual passagem da Escritura tirarei meu sermão?

Essa resposta não deve ser dada a cada domingo. Para o autor este plane¬jamento para o ano inteiro. O ideal é que se pregue em serie e em assuntos que esteja dentro do contexto da congregação, pois embora toda a escritura seja proveitosa em toda a Escritura possui igual proveito para uma congre¬gação num determinado tempo. Para isso, precisa estar tão familiarizado com as necessidades da sua igreja quanto com o conteúdo de sua Bíblia.

Unidades de Pensamento

O pregador deve selecionar as passagens segundo as divisões naturais do texto (“perícope”), e não forçadas, da matéria que pretende pregar. Isto quer dizer que os textos selecionados segundo as divisões dos parágrafos (se possível do original), visto que os parágrafos delineiam is de construção do pensamento. O sermão de ser baseado normalmente em dois parágrafos, salvo quando o texto e narrativo, profético ou poético, onde pode exigir a exposição de um ou mais capítulos.

Nem toda a tradução da bíblia traz uma divisão de parágrafo e pensamentos de acordo com a do autor do texto por isso o pregador deve manter todos os esforços no sentido de dividir em parágrafos reconhecem os princípios centrais do desenvolvimento e transição do pensamento. O expositor diligente examinará a separação dos parágrafos tanto nos textos originais quanto nas traduções em português, selecionará as divisões da matéria que parecem ser de maior utilidade, e as empregará como base da sua exposição.


A Duração do Sermão

Um segundo fator na escolha do assunto da pregação diz respeito ao tempo. O ministro deve pregar seu sermão dentro de um número limitado de minutos. Ele não deve contar tudo que descobriu de uma só vez. O expositor deve também fazer seu sermão sob medida para o tempo disponível, e os cortes devem ser feitos no escritório e não no púlpito.

Por meio da experiência, o pregador sabe qual o tamanho de uma passagem que pode explicar com pormenores e também quando tem de restringir-se a uma vista geral de uma passagem ao invés de uma análise detalhada.



Exposição Tópica

Embora muitos preguem expositivamente e em serie uma ou outra ocasião devem pregar sobre tópicos. Datas especiais tais como a Páscoa, as Ações de Graças, e o Natal requerem tratamento especial. Além disto, o pastor deve pregar sobre assuntos teológicos tais como a Trindade, a reconciliação, a inspiração e autoridade das Escrituras. Ou uma questão especial que a Igreja estar vivendo.

Na exposição tópica, o pregador começa com um assunto ou problema e depois procura a passagem ou passa¬gens que dizem respeito ao mesmo. Depois de ter selecionado a passagem, no entanto, o expositor deve permitir que ela fale por si mesma. A exposição tópica enfrenta o perigo especial de que o pregador atribuirá alguma coisa a mais ao relato bíblico a fim de extrair dele um significado que não está ali, diga no sermão aquilo que nunca disse na Bíblia.


Estude sua passagem e colecione suas anotações.


O Contexto

Em primeiro lugar, o ministro deve referir qualquer passagem específica da Escritura ao livro do qual faz parte. Usualmente, exige-se que o livro seja lido várias vezes, frequen¬temente em várias traduções. O ministro pode obter uma impressão da nitidez e vitalidade. Por exemplo, à NVI, à BLH Bíblia na Linguagem de Hoje, à Bíblia Viva, ou à Bíblia de Jerusalém. Com o emprego destas traduções e outras, o expositor pode entender o contexto geral da passagem.

Colocar texto dentro do o seu contexto ajuda na exposição e entendimento do assunto. O estudante não precisa investigar sozinho. Seções introdutórias dos comentários e introduções aos livros usualmente discutem, por que um livro foi escrito, e fazem um esboço do seu conteúdo.

Não somente a passagem deve ser colocada dentro da unidade geral do livro, mas também deve ser relacionada com o contexto imediato. Para entendermos um parágrafo ou subseção devemos explicar como é desen¬volvido a partir daquilo que o antecede, e qual o seu relacionamento com aquilo que o segue. O pregador deve fazer algumas perguntas para texto: faria alguma diferença se esta passagem específica não estivesse aqui? Qual propó¬sito é estabelecido para esta passagem específica do livro? Fazer as perguntas certas é o passo essencial para achar as respostas.

Tendo colocado a passagem dentro do seu contexto, o exegeta deve passar agora a examinar seus pormenores: a estrutura, o vocabulário, e a gramática. A esta altura, algum conhecimento das línguas originais é de valor inestimável. Embora a mensagem da Escritura possa ser entendida em português, algum entendimento do hebraico ou do grego é fundamental e de grande valor.


Dicionários.

Pelo menos quatro ajudas diferentes estão disponíveis para ajudar o ministro enquan¬to examina os pormenores da sua passagem. O primeiro é dicionário onde ele pode achar definições de uma palavra. As contribuições principais dos dicionários incluem, juntamente com a definição da palavra, a identificação de algumas formas gramaticais, uma lista de passagens onde ocorre a palavra, a classificação dos seus usos em vários contextos, e algumas ilustrações que ajudam a dar detalhe realístico à palavra.

O autor cita, vários dicionários. Aqui citaremos o Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento (Edições Vida Nova) editado por Colin Brown, por ser mais completo e oferece boa parte das mesmas informações que os demais oferecem juntos.

Concordâncias

Embora os léxicos definam palavras, as vezes é essencial e necessário estudar uma palavra na passagem onde foi falada ou escrita, para determinar o significado teológico e histórico da mesma, bem como relacioná-la com outras passagens bíblicas. Isso se dá através do uso de uma concordância.

Há, varias concordâncias em varias línguas e com vários objetivos, que podem inclusive ser encontrada em Bíblias de estudos. Em português, temos a Concordância Bíblica, editada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

Gramáticas

Para o autor as palavras devem ser entendidas conforme seu uso nas frases, cláusulas e parágrafos. Um estudo da sintaxe examina como as palavras se combinam para produzir o significado, e as gramáticas nos ajudam nesse estudo. Não somente uma gramática oferece ajuda geral ao descrever como as palavras são formadas e juntadas em frases, como também aquelas que têm um índice de passagens bíblicas frequentemente oferecem discernimento de passagens específicas que estão sendo estudadas.


Estudos de Palavras

Os livros de estudo de palavras fornecem ao exegeta discernimento das palavras e da gramática e ajuda o pregador a entender a origem de muitas palavras neo-testamentárias nos seus contextos.


Dicionários Bíblicos


Segundo as muitas perguntas acerca do pano de fundo e da biografia, bem como de assuntos específicos, podem ser respondidas mediante o emprego de dicionários e enciclopédias bíblicas. Visto que as diferentes obras de referência revelam diferentes vantagens, um exame do mesmo assunto em várias enciclopédias e dicionários diferentes capacita o ministro a chegar ao equilíbrio e à integralidade.

Comentários

Para o autor, os comentários oferecem um fundo de informações acerca do significado de palavras, do pano de fundo das passagens, e do argumento do escritor. O pregador deve ter comentários sobre livros individuais da Bíblia, tirados de várias coletâneas Certamente é sábio consultar vários comentários sobre uma passagem, e compará-lo com outros, para determinar o significado, mas bíblico possível de texto. Isso é importante, pois um professor das Escrituras precisa de professores.


Outras Ferramentas


Alguns pregadores usam um bloco de notas para registrar os resultados do seu estudo individual. É necessário que estes blocos sejam organizados e as idéias que há nele sejam resumidas.



Enquanto estudar a passagem relacione as partes umas com as outras para determinar a idéia exegética e seu desenvolvimento.


A analise lingüística e gramatical nunca deve vir a ser uma finalidade em si mesma; pelo contrário, deve levar a uma compreensão mais clara da passagem como uma totalidade. Inicialmente, o exegeta lê a passagem e seu contexto em português para entender o que o autor quer dizer. Depois, através da análise, testa sua impressão inicial mediante um exame dos detalhes.

No decurso da análise e síntese, pregador precisar perguntar: "Sobre o que, exatamente, o escritor bíblico está falando?" Quando você tiver um sujeito possível, volte a ler a passagem e relacione o sujeito com os detalhes.

O Sujeito.

A aplicação destas perguntas ao sujeito ensinará pregador a ser mais exato, pois todos os pormenores no parágrafo, direta ou indiretamente, têm relacionamento com sujeito. Normalmente sujeito descreve com exatidão aquilo que o autor está falando, ilumina os pormenores da passagem, e o sujeito, por sua vez, será iluminado pêlos pormenores.

O Complemento.

Tendo isolado o sujeito, você agora deve determinar o complemento, ou os comple¬mentos, que completam o sujeito e o transformam em idéia. Ao fazer assim, o pregador deve tomar consciência da estrutura da passagem e fazer distinção entre suas partes. Normalmente, o complemento se torna claro, quando se encontra o sujeito.


Outras Formas Literárias.


O livro qualquer da Bíblia constitui apenas uma das muitas formas literárias que se acham nela. Muitas pessoas nem sequer tem consciência de que as Escrituras contem vários tipos de literatura, tais como: parábolas, poesia, provérbios, orações, discursos, alegorias, história, leis, contrato, biografia, drama, apocalíptica, e contos. Cada um deles deve ser interpretado de forma diferente. Não se interpreta poesias como se interpreta profecias.

Por isso as perguntas feitas ao texto devem variar de acordo o gênero do livro que se estar estudando para pregar.

Para o autor o pregador deve ser exato no pensamento, e declara com cuidado os relacionamentos que vê dentro do texto, quer a Bíblia explicitamente os declare, ou não. À medida que escreve a sua idéia exegética deve se encaixar nas partes da passagem. E ele completa: “Nunca force a passagem para adaptar-se à sua declaração da idéia”.

Por fim o autor diz que, a esta altura, como resultado do seu estudo, o pregador deverá saber fazer duas coisas: em primeiro lugar, declarar a idéia da passagem numa única frase que combina seu sujeito e complemento; em segundo lugar, esboçar o desenvolvimento daquela idéia a partir da passagem.


CONCLUSÃO


Dr. Martin Lloyd-Jones dizia que “a mais urgente necessidade da igreja cristã da atualidade é a pregação autêntica”. Dizer o que o texto diz é o maior desafio do pregador contemporâneo. A fidelidade ao texto não vem de outro modo se não por meio do estudo sistemático e continuo das Escrituras. Se não estudarmos o que o texto diz, vamos dizer o que pensamos que ele diz, logo estaremos dizendo o que ele não quis dizer.

Como já dissermos não são poucos os que dizem que a “unção” vem de Deus e o estudo é do homem. E para justificar usam o versículo fora do contexto e diz: “a Palavra do Senhor não volta fazia”. Esses se esquecem, como diz o Rev. Hernandes, que Deus tem Compromisso com sua Palavra e não com a palavra do pregador.

Calvino diz ainda: “O zelo dos pastores será profundamente solidificado quando forem informados de que tanto sua própria salvação quanto a de seu povo dependem de sua séria e solícita devoção ao seu ofício”.


H.W. Robinson, em a pregação Bíblica, nos faz lembrar da grande necessidade que todo pregador tem de estudar. E de forma simples, didática, sistemática e com muita clareza aborda os principais princípios de hermenêutica e homiletica e ainda mostrando quais são as principais ferramentas para o bom preparo de um sermão.

Todavia o autor foi muito sintético nos na explicação da material em sim e se preocupou mais em citar as ferramentas que explanar o assunto.


Notas:

EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em igrejas em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 38
Ibid, idem
BRYAN, Chapell, Pregação Cristocêntrica, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002, p. 17.
LLOYD-JONES, Martin. Pregação e Pregadores. São Paulo. Editora Fiel. P. 84.
Lloyd-Jones apud EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em igrejas em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 37
CALVINO, João. As Pastorais, São Paulo, Paracletos, 1998, p. 116.


Fonte: http://jailsonipb.blogspot.com/2008/06/resumo-pregao-bblica-hw-robinson.html

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