quinta-feira, 22 de julho de 2010

Desejando a vontade de Deus – A. W. Tozer

O mal profundo do coração humano é um desejo que se soltou de seu centro, como um planeta que abandonou o sol e começou a girar em torno de algum corpo estranho vindo do espaço externo que pode ter-se aproximado o suficiente para afastá-lo. Quando Satanás disse: "Eu subirei" (Is 14.13), ele rompeu com seu centro normal. O mal com o qual ele infectou a raça humana foi a desobediência e a revolta. Qualquer método adequado de redenção deve levar em consideração esta revolta e encarregar-se de restituir novamente a vontade humana ao seu lugar apropriado na vontade de Deus. De acordo com esta necessidade essencial de livrar-se do desejo, o Espírito Santo, quando efetua Sua graciosa invasão no coração que tem fé, deve conquistar esse coração pela obediência aprazível e voluntária à total vontade de Deus. A cura deve acontecer no íntimo; não haverá nenhuma conformidade externa. Até que o desejo seja santificado, o homem continuará a ser um rebelde assim como um criminoso ainda o é no coração mesmo que esteja prestando relutantemente obediência ao policial que o está levando para a prisão.

O Espírito Santo realiza esta cura interior combinando a vontade do homem remido com Sua própria vontade. Este processo não se dá de uma só vez. E necessário, é verdade, que haja algum tipo de entrega total da vontade a Cristo antes que qualquer obra de graça possa ser realizada, mas é provável que a combinação completa de todas as partes da vida com a vida de Deus no Espírito seja um processo mais longo do que nós, em nossa impaciência como criaturas, gostaríamos que fosse. A alma mais desenvolvida talvez fique abalada e aflita por descobrir alguma área particular de sua vida onde vinha agindo, sem o seu conhecimento, como senhora e dona daquilo que pensou ter entregado a Deus. É a obra do Espírito que habita nela que aponta estas discrepâncias morais e as corrige. Ele não, como às vezes se diz, "viola" a vontade humana, mas a invade e a leva docilmente a uma união harmônica com a vontade de Deus.

Desejar a vontade de Deus é ir além de não protestar o Seu consentimento; é, em vez disso, optar pela vontade de Deus com uma determinação positiva. A medida que a obra de Deus se desenvolve, o cristão se vê livre para escolher o que bem entender, e escolhe com prazer a vontade de Deus como seu maior bem concebível. Esse homem alcançou a maior meta da vida. Ele está acima dos pequenos contratempos que assolam o restante dos homens. Tudo o que lhe acontece é a vontade de Deus para sua vida, e isto é o que ele deseja com mais ardor. No entanto, é justo afir¬mar que esta condição não é alcançada por muitos cristãos ativos de nossa época cheia de atividades. Entretanto, enquanto ela não for alcançada, a paz do cristão não poderá ser completa. È provável que haja certa controvérsia interior, uma sensação de inquietação espiritual que corrompa nossa alegria e reduza consideravelmente nossa força.

Outra qualidade do Fogo que habita em nós é a emoção. Este estado de ânimo deve ser compreendido à luz do que foi dito anteriormente sobre a inescrutabilidade divina. O que Deus é em Sua essência singular não pode ser descoberto pela mente nem pronunciado pelos lábios, mas aquelas qualidades em Deus que podem ser consideradas racionais, e, portanto, recebidas pelo intelecto, foram livremente apresentadas nas Sagradas Escrituras. Elas não nos dizem o que é Deus, mas como Ele é, e a soma dessas qualidades constitui uma descrição mental do Ser Divino como se estivesse a distância e fosse visto por um vidro no escuro.

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