segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desejar a Deus – J. I. Packer




O ensino em análise afirma que desejar e contemplar o nosso Salvador e Deus na reciprocidade do amor é a atividade mais importante e nobre da vida. No desenvolvimento desse pensamento, são feitas duas afirmações: primeira, os cristãos freqüentemente perdem a alegria deste relacionamento por sua própria negligência e preocupação com outras coisas; segunda, Deus às vezes não nos deixa sentir a sua presença e amor, que nos concede em outras ocasiões, para nos ensinar lições sobre paciência e pureza de coração que, do contrário, não aprenderíamos. Uma diversidade de abordagens foram desenvolvidas com o objetivo de articular estas verdades. Vamos observar rapidamente algumas delas.


A importância de se distanciar do que deseja o coração tem sido freqüentemente expressada em termos de retirar-se para o "deserto" de solidão, onde os desejos são purificados. O mesmo ponto foi observado no Ocidente por meio do direcionamento dos cristãos à renúncia de todas as distrações que se sobrepõem ao "cone" ou "ápice" de sua alma, e, no Oriente, mediante a exigência da "apatheia" (que não significa impassibilidade interior, mas o domínio próprio que redireciona a paixão para a busca de Deus). Agostinho, Bernardo e Thomas à Kempis, Inácio de Loyola e Francisco de Sales; e puritanos, como Richard Sibbes, Richard Baxter, Thomas Goodwin e John Owen, com muitos outros antes e depois deles, mapearam os caminhos do pensamento e da oração que separam o desejo do apelo magnético deste mundo para atrelá-lo mais firmemente a Deus, em Cristo.


Por um lado, o relacionamento entre a meditação verbal e a petição, e, por outro, a contemplação e o entregar-se pós - e não - verbal ao Senhor, a quem se conhece, confia e ama, foi explorado por mestres do "casamento espiritual", que desenvolveram a analogia da linguagem e comunhão do amor entre os sexos e a aplicaram ao relacionamento de uma pessoa com Deus. Na mesma relação, os cistercienses, franciscanos e outros enfatizaram as ligações entre a contemplação amorosa de Deus e a ação compassiva entre homens e mulheres, enquanto Jonathan Edwards, em seu livro Tratado sobre Afeição Religiosa, estabelece testes que mostram se sentimentos fortes em um contexto de devoção são ou não autenticamente espirituais (resultantes da obra do Espírito Santo no coração). Toda esta instrução procura, de qualquer forma, indicar o caminho que conduz àquela satisfação em Deus, que é o supremo valor e glória da vida.

Fonte: [Ortopraxia]

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