sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Como matar dois hereges com uma martelada só...



Por Marcelo Lemos

εν αρχη ην ο λογος και ο λογος ην προς τον θεον και θεος ην ο λογος
(João 1.1)

Não parece ser politicamente correto sair por ai chamando este ou aquele cidadão de herege, afinal, os tempos mudaram e, hoje, achar que se conhece a verdade parece ser, para muitos, a maior de todas as heresias. Não obstante, falaremos sobre duas heresias muito comuns, sendo que uma delas, (pasmem!), é apregoada por pessoas que tem livre transito em Igrejas que condenam sua teologia.

A primeira heresia que tenho em mente é o Arianismo, doutrina que nega que Jesus Cristo seja Deus Verdadeiro, dando a Ele, no máximo, algum grau inferior de divindade. A segunda heresia, bem mais perigosa, é o modalismo que, de tão bem dissimulada, permite que grupos de adoração como Voz da Verdade’, e outros, transitem livremente por igrejas evangélicas em todo o país.

Se o arianismo, como o das ditas ‘Testemunhas e Jeová’, nega a Divindade de Jesus Cristo, o modalismo, por sua vez, nega a Doutrina da Trindade, alegando que Jesus e o Pai são a mesma pessoa, usando nomes diferentes. Jesus e o Pai, segundo dizem, é uma mesma pessoa, e não ‘são um’ único Deus, como ensina a Bíblia. Por isso, o modalismo é conhecido também como Unicismo.


O arianismo recebe este nome de Ário, um bispo que foi o primeiro que tentou introduzir tal heresia no seio da Igreja. Aqueles que abraçaram sua teologia ficaram conhecidos como ‘arianos’. Já a doutrina modalista é também conhecida como sabelianismo, isso porque Sabélio foi o primeiro a defendê-la.

Os outros dois termos usados para designá-la também são facilmente explicáveis. Chama-se ‘modalismo’ por afirmar que ‘Pai’, ‘Filho’ e ‘Espírito Santo’, são apenas modos diferentes de uma mesma pessoa se manifestar ao longo da história da humanidade: no Antigo Testamento, Deus se manifestou no ‘modo’ Pai; nos Evangelhos o fez no ‘modo’ Filho, e na Igreja se faz presente no ‘modo’ Espírito Santo. Em outras palavras, trata-se de uma ÚNICA PESSOA, com nomes diferentes. E por defender a idéia de uma ÚNICA PESSOA, usando nomes distintos, a teoria é também chamada de unicismo.

No artigo de hoje, pretendemos mostrar ao leitor como o texto citado na abertura serve para demolir os argumentos mais elementares destas duas heresias. Argumentos elementares que sumariamos a seguir:

  • Jesus não é Deus, mas apenas um deus, ou ser divino” (Arianos)
  • Jesus e o Pai são a mesma pessoa, usando nomes diferentes” (Unicistas)
Como o texto de João 1.1 pode destruir completamente estes dois argumentos? É o que veremos agora.

I
DEMOLINDO A HERESIA ARIANA

Jesus não é Deus, mas apenas um deus, ou ser divino”.

Se o leitor tiver em mãos uma tradução confiável, recomendo a Corrigida Fiel(1), não se terá qualquer dúvida quanto à falsidade da afirmação acima, pois as Escrituras ensinam justamente o oposto:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” -João 1.1

Não podendo fugir deste fato, mesmo que se valesse da maioria das traduções existentes (2), grupos como as ‘Testemunhas de Jeová’ apressam-se a apresentar uma tradução alternativa, e supostamente mais fiel (3), para esteversículo-chave do Novo Testamento. A ‘tradução alternativa’ que apresentam para as palavras inspiradas de S. João fica assim:

“... e o Verbo era [um] deus” – João 1.1; Tradução Novo Mundo; Torre de Vigia.

Até o leitor mais desatendo perceberá três coisas “estranhas” na tradução que acabamos de citar: primeiro, os tradutores acrescentaram o artigo indefinido (‘um’), que não aparece em nenhuma outra tradução confiável que dispomos; segundo, os tradutores acrescentaram este artigo indefinido, ‘um’, dentro de um parêntesis, ‘[]’; e em terceiro lugar, eles grafaram o termo ‘deus’ em letras minúsculas.

A acréscimo do artigo indefinido antes de “Deus” causa estranheza, pois é completamente desconhecida pela maioria esmagadora dos tradutores. Isso acontece pelo simples fato de que o artigo indefinido não tem lugar na tradução deste versículo bíblico, como veremos daqui a pouco.

Além disso, observamos que o artigo indefinido encontra-se tão ausente deste versículo, que a própria comissão de tradutores da Torre de Vigia, tiveram o ‘cuidado’ de acrescentá-lo entre parêntesis. O uso de parêntesis ocorre sempre que o tradutor pretende demonstrar que este ou aquele termo não se encontra, de fato, no texto que está traduzindo!

É devido a todos estes preconceitos que seus tradutores trazem consigo, que a Tradução Novo Mundo, publicada pela Torre de Vigia, grafa “Deus” em letras minúsculas, com a clara intenção de negar a divindade de Jesus.

Em sua defesa a Torre de Vigia se vale dos seguintes argumentos:

  • "pela ausência do artigo definido ‘o’ (), isso significa que Cristo é apenas um deus, e não o Deus" (Revista Torre de Vigia, 7 de dezembro de 1995, pág.4).
  • [João] não está dizendo que a Palavra (Jesus) era como o Deus com quem Ele estava mas, antes, que a Palavra era semelhante a um deus, divina, um deus" (Reasoning from the Scriptures, 1989, pág.212).
Seria verdade que por não haver o artigo definido (‘o’) antes do termo Theos (Deus), significa que devemos traduzir o versículo como “um Deus” e não como “era Deus”?

O primeiro passo para responder esta questão é darmos uma olhada no próprio texto original, em grego: εν αρχη ην ο λογος και ο λογος ηνπρος τον θεον και θεος ην ο λογος.

εν αρχη ην ο λογος
en                   arché              eimi                ho        logos
em,o              principio        existia,era      o,a     verbo,palavra

και ο λογος ην προς τον θεον
kai                  ho         logos           eimi              pros                    to      Theos
e,também     o,a         verbo, palavra      existia, era   com, junto a    a,o    Deus

και θεος ην ο λογος.
kai    Theos    eimi     ho  logos.
e, também     Deus     existia, era      o, a       verbo, palavra.

Numa tradução literal nos temos:

No princípio o Verbo existia, e o Verbo existia junto a Deus, e Deus era o Verbo”.

A primeira coisa que observamos aqui é quem no grego a ordem das palavras do ultimo período está invertido. Em português lemos em qualquer tradução que se preze: “E o Verbo era Deus”; enquanto que em grego temos:

E Deus era o Verbo”. Se lermos com atenção, perceberemos que as duas traduções dizem a mesma coisa. O leitor atento irá notar que o sujeito do versículo é o “Verbo” e que “Deus” é o seu predicado. Em outras palavras, o assunto do versículo é o Verbo, ou seja, o que e quem é o Verbo. Já o que se diz em acréscimo é o ‘predicado’ do sujeito, ou seja, o que se afirma dele. E isso justifica “E o Verbo era Deus” como tradução correta para o português.

Simplificando: o que diz este versículo a respeito do Verbo?

  • Que o Verbo é eterno: ‘no principio existia’;
  • Que o Verbo é distinto do Pai: ‘existia junto a Deus’;
  • Que o Verbo é igual ao Pai: O Verbo ‘Deus era...’.
E quanto à possibilidade de se acrescentar o artigo indefinido antes de Deus, na parte final do versículo? Ouçamos o testemunho autorizado do doutor Julios R. Mantey, citado por Raimundo de Oliveira, no livro ‘Seitas e Heresias’ (CPAD):

"A Manual Grammar of the Greek New Testament, do qual sou co-autor, é citado pelos tradutores do apêndice da Tradução do Reino, Interlinear, das Escrituras Gregas. Eles citaram-me fora do contexto. Apuradas pesquisas descobriram ultimamente abun dante e convincente evidência de que a tradução de João 1.1 por 'deus era a Palavra' ou 'a Palavra era um deus' não tem qualquer apoio gramatical."

Com efeito, em diversas publicações da Torre de Vigia, é possível encontrar diversas citações com as quais pretendem demonstrar que sua tradução está correta, e apoiada por inúmeros especialistas em grego. Porém, o que pouca gente sabe é que eles utilizam-se de citações por ‘elipse’, i.e., fora do contexto e, claro, tendenciosa. No exemplo acima encontramos um abalizado gramático em grego que denuncia a Torre de Vigia por tamanha demonstração de desonestidade intelectual.

O mesmo doutor Mantey, ainda citado por Raimundo de Oliveira, escreveu em 11 de Julho de 1974 a seguinte carta, que enviou a sede da Torre de Vigia, em Nova York:

"Não existe qualquer afirmação na nossa gra mática que alguma vez quisesse implicar que 'um deus' era a tra dução admissível em João 1.1... Não revela erudição, nem mesmo é razoável traduzir João 1.1 por 'a Palavra era um deus'. A ordem das palavras tornou obsoleta e incorreta tal tradução. A vossa cita ção da regra de Colwell é inadequada, porque indica apenas parte das suas conclusões... Ambos os eruditos escreveram que, quando pretendiam dar a idéia indefinida, os escritores dos Evangelhos colocavam regularmente o nome predicativo depois do verbo, e tanto Colwell como Harner afirmaram que Theos, em João 1.1, não é indefinido e não deve ser traduzido por 'um deus. Os escri tores da Torre de Vigia parecem ser os únicos a advogar tal tradu ção agora. A evidência contra eles parece de 99%”.

Depois de constatar estes chocantes fatos, a respeito da desonestidade intelectual da direção da seita, o doutor Mantey faz duas exigências contundentes:

(I)"Em vista dos fatos precedentes, principalmente por me terdes citado fora do contexto, peço-vos por meio desta que não volteis a citar A Manual Grammar ofthe Greek New Testament, como fazeis há 24 anos. Peço ainda que, de agora em diante, não me citeis, nem a mim nem a esta obra, em qualquer das vossas publicações”.

(II)"Também, que pública e imediatamente apresenteis desculpas na revista Torre de Vigia, uma vez que as minhas palavras não tiveram nenhuma relevância no que toca à ausência do artigo an tes de Theos, em João 1.1".

Constantemente, as publicações da Torre de Vigia, acusam os protestantes de serem politeístas por acreditarem na Doutrina da Trindade. Segundo a seita, quando afirmamos que “na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substancia, poder e eternidade” (4), estamos acreditando em ‘três deuses’ e, portanto, cometemos o pecado de politeísmo, tão abertamente condenado nas Escrituras, inclusive no Decálogo: “Não terás outros deuses diante de mim” (Exo. 20.3).

O absurdo da situação é que o Credo trinitariano jamais confessa haver três deuses, antes, afirma existir um único Deus, que existe eternamente em três pessoas distintas. Já as ‘Testemunhas de Jeová’, ao negarem que Jesus seja Deus, e ao lhe dar apenas o status de ‘um deus’, está abertamente abraçando uma fé politeísta. Por exemplo, ao conversar sobre o assunto com um seguidor da seita, faça o teste na próxima visita que lhe fizerem, você ouvirá: “Jeová é o Deus Todo-Poderoso; mas, Jesus, é apenas um deus poderoso”. Ora, se as Testemunhas de Jeová levam tais coisas a sério, então o politeísmoé a base de sua fé.

Quando João diz que o Verbo existia “com Deus”, ou “junto a Deus”, ele demonstra que o Verbo é um ser distinto do ser do Pai; mas então, ao finalizar o versículo, ele acrescenta que o Verbo “é Deus”; ou seja, não se trata de um ser inferior ao Pai, em qualquer sentido que se pretenda analisar a questão. Aqui não cabe nem mesmo o argumento de que Jesus se apresentava, em seu ministério, como sendo dependente do Pai, pois João 1.1 fala do Verboantes da Encarnação.

No mais, alegra-nos saber que toda a Bíblia testifica a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo:

Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” – Romanos 9.5.

Mas, do Filho, diz: Oh, Deus! O teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de equidade é o cetro do teu reino!” – Hebreus 1.8.

E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna!” – I João 5.20dentre tantos outros textos semelhantes.

II
DEMOLINDO A HERESIA UNICISTA

Na seção anterior já se fizeram presente os fatos que, neste versículo analisado, impossibilita a tese unicista. Como elo de ligação, as duas teses pretendem negar a doutrina da Trindade. A primeira tenta fazê-lo diminuindo a divindade de Jesus, mas não nega que Cristo seja uma pessoa distinta do Pai. O Unicismo, por sua vez, nega a doutrina da Trindade alegando que “Jesus” e o “Pai”, bem como o “Espírito Santo”, seja uma Única Pessoa, que se vale, em contextos distintos, de nomes diferentes – conforme já explicamos na introdução deste artigo.

Em primeiro lugar, é impossível pensarmos na tese unicista sem sermos tomados por aquela sensação de que o Novo Testamento está tentando nos enganar; ou seja, caso a tese unicista esteja correta, a impressão que fica é que os escritores apostólicos fizeram de tudo para nos fazer acreditar o contrário (5)! Isso, porque a Bíblia constantemente se vale de expressões que carregam a idéia de pluralidade de pessoas na Divindade: ora o Pai testifica do Filho como um ser distinto de Si (Mateus 3.17), ora o Filho testifica a respeito do Pai (João 14.12).

Para complicar ainda mais, o Filho ainda dá claro testemunho do Espírito Santo, como sendo ‘outro’ Consolador, ou Paracleto – demonstrando, uma clara distinção de pessoas, e de demonstração da personalidade do Espírito prometido (João 14.16-17). Comparar este último com I João 2.1 (6) .

Porém, nossa intenção hoje é nos dedicarmos mais longamente apenas ao texto de João 1.1; que, segundo afirmação nossa, é o suficiente para demolir tanto a tese ariana, quanto a unicista.

O caso é tão simples que nem mesmo é preciso recorrer ao grego para a devida comprovação do que estamos dizendo. Suficientemente clara, a tradução em português, por si só, lança por terra a tese unicista de que Jesus e o Pai são uma única pessoa:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” – João 1.1.

Estava com Deus”; afirma nosso texto. Eis em nossas mãos um testemunho eloqüente da pluralidade de pessoas na Divindade. Se nos lembrarmos de que o termo grego Theos, indica majoritariamente o nome de Jeová; que por sua vez, na mentalidade judaica, era o nome do “Pai” (7), o sentido do texto se torna ainda mais claro!

Portanto, o argumento de João tem dois objetivos: “Meu queridos, esse Jesus que lhes anuncio existia desde toda a eternidade ao lado de Jeová, nosso Pai, o Deus Todo-Poderoso; e ele mesmo, Jesus, era Jeová!”.

- Mas isso nos conduz a um paradoxo! – alguns objetarão. O que não nos incomoda nenhum pouco, tendo em vista que todas as doutrinas fundamentais do cristianismo são acusadas da mesma coisa (8).

Estava com Deus”. Mesmo tal expressão não carecendo de maiores recursos para se fazer compreender, nós iremos ao grego para melhor consolidar os fatos.

Estava com Deus”, é o modo como a Corrigida Fiel, e maioria das traduções vertem o grego ο λογος ην προς τον θεον. Os elementos que mais nos interessam nesta oração são ην προς τον θεον.

ην (eimi) = ser; existir; estar presente.

Προς (pros) indica direção, movimento (Strong): junto a; ao lado de; ao redor de; próximo a; intimo de; com.

τον (t0)artigo definido; acusativo; singular, masculino (Robinson’s Morphological Analysis Codes).

θεον = Deus.

Que o Evangelista João pretende demonstrar neste argumento? Que Jesus e o Pai são a mesma pessoa, ou, do contrário, que Jesus e o Pai existem distintamente, mesmo que ambos sejam Deus?! A Resposta é evidente: “No principio existia o Verbo, e o Verbo existia juntoem intimidade com Deus, e o Verbo era Deus!”.

Um dos teólogos mais renomados do Unicismo americano, D.K. Bernard, defende que realmente o verbo existia “junto a Deus”. Só que, segundo ele, significa uma existência em Deus, no sentido de que como “Verbo”, Cristo estava presente na mente de Deus, era o ‘logos’ de Deus, seu pensamento – a força que movia o cosmos.

A Palavra não era uma pessoa separada... assim como a palavra de um homem não é uma pessoa separada dele. A Palavra era o pensamento, o plano, a mente de Deus. No principio a Palavra estava de fato com Deus e era Deus (João 1.1). A Encarnação existiu na mente de Deus antes do começo do mundo (...) No grego, ‘logos’ pode significar a expressão ou o plano que existe na mente do proclamador – assim como uma peça na mente do dramaturgo...” – The Oneness of GodD.K. Bernard; Capitulo 4.

O Verbo era, segundo o argumento acima, o ‘plano’ de Deus, o seu ‘projeto’; e não uma pessoa, ‘um ser’. Porém, basta olharmos para o contexto da passagem para notarmos que a suposta erudição do argumento acima, cai por terra diante da Revelação Bíblica. João nos diz que o Verbo é uma pessoa, e que o Verbo existe, desde o principio, junto a Deus:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.Ele estava no princípio com Deus.  Todas as coisas foram feitas por ele, esem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.... E o Verbo se fez carnee habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênitoque está no seio do Paiesse o revelou!” – João 1.1-4, 14-18.

Alguém, o Verbo,  se encarnou, e não um pensamento. No máximo poderíamos falar de pensamentos que se materializam, mas não pensamentos que se encarnam. Se os unicistas aceitam a ‘explicação’  de Bernard, devem imediatamente abandonar a fé que possuem na Doutrina da Encarnação do Verbo; mas apropriado a eles é aceitar a ‘doutrina’ da Materialização do Verbo.

Graça e Paz!

Que Deus os abençoe ricamente em Cristo Jesus, nosso Senhor. Gostaria, para terminar, de recomendar a leitura do artigo "Jesus é (um) deus?", do blog Teologando.

Notas:

(1) Aqui no Olhar Reformado mantemos amizade e companheirismo com irmãos que julgam a Corrigida Fiel como a única Bíblia inspirada em português; porém, apesar de a considerarmos, como diz o nome, uma tradução fiel – equivalência formal – não mantemos tal tese. Nossa preferência é sempre, em relação a qualquer tradução, pelo texto grego.

(2) É correto dizer que “qualquer tradução honesta a este versículo”, em qualquer língua, irá traduzir de modo semelhante ao da Corrigida Fiel.

  1. KING JAMES VERSION - A Palavra era Deus.
  2. THE NEW INTERNATIONAL VERSION (A Nova Versão Internacional) - A Palavra era Deus.
  3. ROTHERHAM - A Palavra era Deus.
  4. DOUAY - A Palavra era Deus.
  5. JERUSALÉM BIBLE (A Bíblia de Jerusalém) - A Palavra era Deus.
  6. AMERICAN STANDARD VERSION (Versão Padrão Ame ricana) - e a Palavra era Deus.
  7. REVISED STANDARD VERSION (Versão Padrão Revis ta) - e a Palavra era Deus.
  8. YOUNG'S LITERAL TRANSLATION OF THE BIBLE (Tradução Literal da Bíblia, de Young) - e a Palavra era Deus.
  9. THE NEW LIFE TESTAMENT (O Testamento da Nova Vida) - a Palavra era Deus.
  10. MODERN KING JAMES VERSION (Versão Moderna da King James) - a Palavra era Deus.
  11. NEW TRANSLATION - DARB Y (Nova Tradução) - a Pala vra era Deus.
  12. NUMERIC ENGLISH NEW TESTAMENT - a Palavra era Deus.
  13. THE NEW AMERICAN STANDARD BIBLE (A Nova Bí blia Padrão Americana) - e a Palavra era Deus.
  14. THE NEW TESTAMENT IN MODERN SPEECH -WEYMOUTH(O Novo Testamento em Linguagem Moderna) - e a Palavra era Deus.
  15. THE NEW TESTAMENT IN BASIC ENGLISH (O Novo Testamento em Inglês Básico) - e a Palavra era Deus.
  16. THE NEW TESTAMENT IN MODERN ENGLISH -MONTGOMERY (O Novo Testamento em Inglês Moderno) - e a Palavra era Deus.
(3) Já demonstramos no corpo da argumentação que a comissão responsável pela ‘Novo Mundo’ não consegue apoio para suas cavilações nos gramáticos autorizados. Além disso, Raimundo de Oliveira, de quem também extraímos as citações bíblicas da nota anterior, nos fornece informações esclarecedoras sobre F.W. Franz, ex-membro da Torre de Vigia, e um dos responsáveis pelas traduções da NM:

  • F.W. Franz, que se dizia mestre em hebraico, demonstrou ab soluta ignorância quanto ao manejo da citada língua. Veja, por exemplo, a troca de perguntas e respostas entre o Procurador da Coroa Escocesa e o próprio Franz, retiradas de uma peça do julgamento sofrido por Franz em novembro de 1954, na Escócia:
Pergunta: Também se familiarizou com o hebraico?
Resposta: Sim...
Pergunta: Portanto, tem instrumentos lingüísticos substanciais à sua disposição?
Resposta:  Sim, para uso do meu trabalho bíblico.
Pergunta: Penso que o senhor é capaz de ler e seguir a Bíblia em hebraico, grego, latim, espanhol, português, alemão e francês...
Resposta: Sim (Prova de Acusação p. 7)...
Pergunta: O senhor mesmo lê e fala hebraico, não é verdade?
Resposta: Eu não falo hebraico.
Pergunta: Não fala?
Resposta: Não.
Pergunta: Pode, o senhor mesmo, traduzir isto para o hebraico?
Resposta: O quê?
Pergunta: Este quarto versículo do segundo capítulo de Gênesis.
Resposta: O senhor quer dizer, aqui?
Pergunta: Sim.
Resposta: Não, eu não tentaria fazer isso (Prova da acusação, p. 61).
As perguntas e respostas, como podem ver, são sobre hebraico, e não grego. Porém, o que se esperar de uma tradução com um time formado por tais ‘especialistas’? Será que é por isso que a Torre de Vigia mantém os nomes que compõem a comissão de tradução trancada a ‘sete chaves’?

(4) Confissão de Fé de Westminister; Capítulo II, De Deus e da Santíssima Trindade; Artigo III. Referências: Mateus 3.16-17; 28-29; II Cor. 13.14; João 1.14,18; 15.26; Gal. 4.6.

(5) Mat. 28:19; 2 Cor. 1:21; 13:14; 1 Cor. 6:11; 12:4-6; 1 Pedro 1:2; 4:14; Efésios 1:3-14; Heb. 10:29; Judas 20. Nestes, e outros versículos, é impossível não notarmos a distinção de pessoas na mente dos cristãos primitivos. As expressões Joaninas são especialmente enfáticas: João 14:16, 26,; 15:26; 16:13-15; 20:21-22; 1 João 4:2; 4:13-14.

Veja, mais abaixo, outras informações relevantes na nota nº 7.

(6) JOÃO 14.16: kai allos parakletos didõmi su: “e vos dará OUTRO consolador (parakletos)”.

I JOÃO 2.1: kai ean tis harmatanõ parakletos echô: “porém, se alguém pecar, advogado (parakletos) temos”.
Aqui descobrimos que Jesus é nosso Paracleto (advogado, consolador, ajudador) e, quando subiu ao céu, nos enviou OUTRO igual a ele: o Espírito Santo. Na comparação destes dois versos podemos ver a Igualdade de atributos e a Distinção de pessoas.

(7) “A Divindade suprema” (Strong). Mateus 4.10; Mateus 6.24; Mateus 6.30; Mateus 6.33; Lucas 1.32; etc.
A expressão ‘Deus, o Pai’ é bíblica e refere-se ao próprio Deus (Gal. 1.1-4) ... Ele é o Pai não apenas do Filho, mas o Pai de toda a criação (Mal. 2.10; Heb. 12.9). Ele também é nosso Pai por causa do Novo Nascimento (Rom. 8.14-16). O título Pai indica uma relação entre Deus e o homem, particularmente entre Deus e Seu Filho, e entre Deus e o homem” - The Oneness of God; de D.K. Bernard, uma das mais importantes obras do unicismo americano.

(8) Exemplos: a Inspiração das Escrituras; A Encarnação de Cristo; ARegeneração; A Soberania de Deus; etc.